EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO E DA TECNOLOGIA NO ESPORTE

Por Fabio Aires da Cunha

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Quando falamos de evolução, nada mais nos surpreende do que a evolução tecnológica que ocorreu e ocorre nos últimos 50 anos.

De contas matemáticas realizadas no ábaco, inúmeros documentos que só existiam no papel e escritos a mão, vivemos hoje na era digital.

Cada vez mais o computador faz parte da nossa vida, do nosso cotidiano. Conversas online em tempo real com qualquer lugar do mundo, milhões de dados e informações armazenados num espaço menor que uma caixa de fósforos, ou seja, o ser humano atingiu um nível tecnológico inimaginável a 50-60 anos atrás e, essa evolução nos surpreende com novidades a cada dia.

Dias e meses são necessários para mudanças radicais e até fenomenais em todas as áreas que tem a tecnologia intimamente relacionada.

Todas as áreas da ciência se beneficiaram com os avanços e melhorias decorrentes da era digital. Medicina, matemática, engenharia, biologia, física, química e outras mudaram drasticamente o seu modo de agir, pensar e ver o mundo e, onde fica o futebol nessa evolução? Muitos dirão que o futebol não precisa de tecnologia, que o esporte se refere as ações humanas. Grande engano e até ignorância.

O futebol é uma ciência. O desenvolvimento da modalidade exige inúmeras áreas que se beneficiaram das inovações tecnológicas, como fisiologia, medicina, estatística, biomecânica, treinamento entre outras.

Não podemos mais ver o futebol de maneira empírica, adotar medidas pelo “achômetro”, sem um mínimo de embasamento científico e tecnológico.

A internet foi uma das maiores mudanças na história da humanidade. Com a disseminação do saber, como o acesso quase instantâneo ao conhecimento mundial, as teorias e descobertas sobre praticamente tudo estão acessíveis para qualquer pessoa.

Com essa interação entre os profissionais facilitou o intercâmbio, a troca dos métodos adotados e dos resultados obtidos pelos profissionais que atuam no dia a dia do futebol.

Esse intercâmbio proporcionou e proporciona que novas metodologias apareçam e, com isso, os treinamentos sejam planejados e conduzidos visando a otimização do desempenho, o desenvolvimento harmoniosos e completo dos atletas e a busca pelo futebol bem jogado, pelo futebol-arte.

Em vista disso tudo, é inconcebível que profissionais do futebol vivam do empirismo, que não procurem novos conhecimentos, que não dividam o que fazem de bom, que se isolem do resto do mundo.

O conhecimento é universal, deve ser compartilhado e ao mesmo tempo absorvido.

Quando um estudioso escreve um livro, um artigo, um texto ou realiza uma pesquisa, ele pretende com isso, que outros profissionais adquiram e desfrutem desse conhecimento produzido.

Encontramos hoje um sem número de indivíduos e instituições que estudam o futebol em todas as suas formas. Existem estudos nas áreas de treinamento técnico-tático, condicionamento físico, fisiologia, aprendizagem motora, pedagogia, liderança, marketing, gestão, medicina, evolução dos materiais esportivos (bolas, vestuário, caçados), psicologia etc.

O futebol, além de uma ciência, tornou-se um negócio. As equipes, clubes, associações e entidades esportivas buscam resultados dentro e fora dos gramados. Para que o negócio futebol dê o retorno esperado é necessário que seja administrado, organizado, planejado e conduzido de forma profissional e qualificada. Para atingir esses objetivos com excelência são necessários profissionais com qualificação, capacitação e conhecimento na área que atuem.

A evolução tecnológica beneficiou quem busca o saber. Essa disponibilidade de informações aumentou a concorrência, pois as pessoas que pensam com modernidade estão ávidas pelo desenvolvimento pessoal e profissional.

Hoje vemos uma mudança positiva, mas gradual, na contratação de técnicos, preparadores físicos, fisiologistas, médicos e outros. Com o surgimento de gestores qualificados, esses profissionais observaram e constataram a necessidade de contratação de um staff com mais capacidade e com uma cabeça aberta a novas teorias e metodologias.

Ainda acho que essa transformação no futebol brasileiro está muito lenta. Acredito que os clubes precisam abrir espaço para os profissionais modernos, profissionais com novas ideias e que pensam no crescimento do esporte e na formação dos atletas.

Muitos profissionais pararam no tempo, continuam adotando os mesmos métodos de treinamento de 30, 40, 50 anos atrás. Esses profissionais tem grande experiência prática, mas essa estagnação não é mais possível no mundo globalizado e tecnológica do século XXI.

A experiência prática é importante e benéfica desde que utilizada para contribuir com o avanço científico da modalidade. A prática é fundamental para experienciarmos metodologias e, assim, criar novas teorias e descartar outras.

Quem usa somente a sua experiência para justificar uma forma de conduta e não está aberto a novas formas de treinar não contribui em nada com o desenvolvimento do esporte.

O esporte precisa de estudiosos. Coloco essa palavra com o objetivo de definir a pessoa que estuda e busca o conhecimento para utilizar no dia a dia de treino e não a pessoa que fica apenas numa sala ou laboratório sem interagir com a prática.

A parte científica deve estar intimamente ligada com a parte prática. Devemos estudar e aplicar, estudar e aplicar, estudar novamente e aplicar novamente, até encontramos o melhor método ou a melhor maneira para utilizar os diferentes métodos de treinamento. E assim, adotarmos essa conduta a vida toda, pois com a evolução tecnológica descrita anteriormente, o que hoje é certo e verdade absoluta, amanhã se torna ultrapassado e incorreto.

A desculpa que não se tinha acesso ao conhecimento não cabe mais na nossa era. Livros, revistas, artigos, sites estão ao nosso alcance de forma simples, complexa, cara, barata, de graça, perto, longe, em português, em outras línguas. Existe conhecimento com qualidade para todos os níveis sociais, culturais e financeiros.

Só não aprende ou evolui aquele que não quer, aquele que prefere o ábaco ao computador, aquele que prefere a carroça ao avião, aquele que prefere chutar uma bola de capotão em vez de chutar uma bola com a mais alta tecnologia.

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